16.ago.2013
Queixas de dor de cabeça em crianças devem ser levadas a sério. Segundo pesquisa do Instituto Glia de Cognição e Desenvolvimento, divulgada em setembro do ano passado, 7,9% das crianças brasileiras sofrem de enxaqueca – 0,6% de forma crônica. O problema é motivo de faltas à escola, não raro se reflete em maior dificuldade de prestar atenção e está associado a um risco cinco vezes maior de desenvolver transtornos de ansiedade ou depressivos.
Considerada equivocadamente por muitos uma “doença de adultos”, a crise representa, nessa etapa da vida, muito mais que uma experiência precoce de dor e limitação: ela pode prejudicar o desempenho escolar e até mesmo interferir no diagnóstico de transtornos de aprendizagem, segundo estudo recente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os principais sinais são, além das queixas de dor de cabeça, enjoo, vômito, incômodo com luz ou barulho, relato de alteração visual.
A neurologista Thaís Villa e a psicóloga Andrea Moutran, do Setor de Investigação e Tratamento das Cefaleias (SITC), avaliaram as funções cognitivas, como capacidade de concentração e de memorização, de 60 crianças de 8 a 12 anos, metade diagnosticada com enxaqueca. Por meio de testes aplicados individualmente, ao longo de dois anos e a cada dois meses, as pesquisadoras constataram que as que tinham crises de cefaleia se revelaram mais dispersas e com dificuldade de processar e reter informações.
Na infância, as crises de enxaqueca se manifestam em episódios curtos, de cerca de duas horas. Elas costumam aparecer por volta dos 5 anos e não raro são motivo de faltas à escola. “O que não significa que as dores persistirão ao longo da vida – elas desaparecem espontaneamente até o final da adolescência em mais de 40% dos casos”, diz Thaís. Os resultados mostram que o diagnóstico de transtornos de aprendizagem deve levar em conta se a criança sofre de enxaqueca ou de outro tipo de cefaleia, o que pode direcionar as intervenções. O tratamento atual para enxaqueca infantil consiste, basicamente, em analgésicos para o momento das crises e descoberta – e prevenção – dos fatores desencadeantes da dor
Fonte: Mente e Cérebro
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