16.nov.2015
Atualmente com a iniciação escolar cada vez mais cedo das crianças, o processo de socialização é acelerado. Entendendo este conceito como o desenvolvimento da autonomia pessoal e da aprendizagem de compartilhar com os outros, surgem as primeiras amizades do seu filho.
As crianças, ao chegarem ao Jardim de Infância ou à escola aprendem a partilhar um espaço (a sala de aula, o recreio, o refeitório, etc.), os objetos e os professores. Dessa forma, até aos dois anos a maioria das crianças já começaram a ter os seus primeiros amigos e os seus primeiros amores de infância.
Antigamente ao estar em casa com a sua mãe esta aprendizagem produzia-se lentamente!
As amizades por idades
Segundo o que observa no dia-a-dia no seu centro, Pelancha Gómez diretora de um Jardim de Infância, com mais de 27 anos de experiência em psicologia infantil destaca que poderia afirmar que as crianças não têm amigos segundo o conceito que os adultos têm da amizade, isto até aos 6 ou 7 anos. A sua relação com os outros vai evoluindo da seguinte maneira.
Até aos 2 anos: o jogo paralelo
Aprendem a brincar ao lado de outras crianças mas de forma independente. É o jogo paralelo.
A partir desta idade, na escola ou Jardim de Infância, ensina-se às crianças a esperar pela sua vez, a respeitar os brinquedos dos outros, assim como a comida e a sesta dos outros. Iniciam também o jogo colectivo para que as crianças adquiram a noção de grupo, fundamental para a socialização ao intervir o contacto físico. No entanto, a relação e a comunicação é individual com os educadores e pontualmente de criança para criança por mera curiosidade de uma criança perante outra.
Pouco a pouco vão conhecendo, nomeando e mostrando preferências pelos seus companheiros. Nestas primeiras relações o mais importante é o intercâmbio e os brinquedos.
A partir dos 2 anos e meio e 3 anos: o amigo como elemento de companhia
Começa a ser mais clara a preferência de escolher um amigo em concreto como elemento de companhia porque gostam mais de brincar com o mesmo (jogos ativos e sedentários), porque um brinquedo lhe interessa e por outras circunstâncias como que as mães sejam amigas e de se verem fora do centro educativo. No entanto, pode ser inseparáveis ou não pararem de brigar de um dia para o outro.
Até aos 3 anos e meio: brincar em pequenos grupos
As crianças que estão na escola desde pequenas, nesta idade já assumem as regras sociais que surgem nas relações afetivas. No Jardim Infantil podem brincar em pequenos grupos e falarem entre elas, embora cada uma imersa na sua própria atividade.
Continua a ser um jogo individual, pois embora tenham a necessidade de companhia ainda não possuem a aptidão para cooperarem, devido ao egocentrismo que impossibilita uma brincadeira em grupo. A pouco e pouco irão respeitando a intervenção do outro, podendo moldar-se ao papel que lhe foi destinado.
Dos 4 aos 6 anos: um amigo, um jogo
Já têm preferências nos seus jogos e amizades, no entanto, ainda não é claro o porquê de escolherem um amigo, podem existir similitudes no que diz respeito aos gostos ou personalidades como ocorre com os adultos. Simplesmente fica bem, mas se nestas idades dos “amigos íntimos” as crianças deixam-se de ver por qualquer razão – alteração de escola, de cidade, etc. – isso não supõe nenhum problema nem nenhum trauma para elas, como poderia ser para as crianças adolescentes
Os 7 anos: começam os jogos de futebol
Com o desenvolvimento do pensamento lógico as crianças vão aceitando e respeitando as regras do jogo porque têm um pensamento mais abstrato e um maior desenvolvimento do raciocínio. É nesta etapa que surgem os jogos regrados, de competição, os desportos … e tendem mais a jogar em grupos. Estes jogos são os que ocuparão a maior parte do tempo das crianças até à vida adulta.
Até aos 8 anos: o seu primeiro “melhor amigo”
Já aparecem os autênticos “melhores amigos”, cujos laços são muito estreitos e entre os quais surgem conflitos. A amizade vai ganhando uma importância fundamental para a vida da criança e, para além disso, ajudará a criar a própria identidade do seu filho.
A partir dos 8 anos já percebem a amizade como os adultos, compreendem o que significa compartilhar – não só objetos – e vêem alguém com quem falar e quem escutar, alguém com quem contar para os momentos bons e para os momentos maus, para compartilhar tristezas e alegrias.
Como fomentar a amizade nas crianças?
Ser sociável desde muito cedo ajudará o seu filho a ter uma vida social ativa no futuro, o que melhora tanto a segurança como a auto-estima. Assim, os pais preferem ter filhos abertos e que brinquem com outras crianças … embora até a criança mais extrovertida se esconda pelo menos uma vez atrás da sua mãe ou chora quando não quer partilhar o seu brinquedo favorito. Tenha paciência e incentive o seu filho seguindo estes conselhos:
– Ensine com o exemplo. Se quer que o seu filho seja sociável e com muitos amigos, ele deve ver esse ambiente em casa: devem ser pais animados, sorridentes, abertos, etc.
– O seu filho deve ouvir os pais chamarem amigos aos seus amigos: “Hoje vem cá a casa o Luís, amigo do papai. Ele traz os filhos, o Pedro e a Maria, os teus amigos”. É tão simples quanto isto. Desta forma estará a ajudar o seu filho a identificar o conceito de amizade e a compreender porque é que se deve valorizar tanto.
– Embora pense que não tem nada a ver, o facto de prestar atenção ao seu filho estará a ajudá-lo a ser uma pessoa mais sociável e aberta.
– Convidem os vossos amigos a virem com os seus filhos passar uma tarde a sua casa.
– Quando estiverem mais crianças na sua cada não opte pela opção mais cômoda: ligar a televisão. O melhor é dar lápis coloridos às crianças, canetas pois assim estará a fomentar a imaginação, a criatividade e fortalecerá os laços entre os mais pequenos. Compartilhar a diversão é muito mais que uma sessão de televisão.
– A menos que existe algum perigo, não intervenha nas brincadeiras e nas possíveis diferenças do seu filho. É melhor que as crianças aprendam a resolver os seus pequenos conflitos entre elas.
Fonte: todopapas
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